A morte do ídolo
Pr. Airton Evangelista da Costa
Um descuido na condução do andor, e o ídolo foi ao chão. Espatifou-se. Pedaços do seu corpo e do seu cavalo se espalharam por todos os lados.
O lamentável acidente foi transmitido pela televisão, ao vivo e em cores, em tempo real. Se bem analisei, o ponto mais atingido foi a cabeça oca, que com a queda se separou do corpo, também oco. O ídolo desfigurou-se. Transformou-se numa matéria informe. Um monte de gesso imprestável.
Alguns foram ao socorro do acidentado. Era tarde. Entrara em óbito. Espanto e dor na face dos devotos. Não vi qualquer tipo de reza em favor do defunto.
Em meio à consternação geral, alguém trouxe uma palavra de alívio:
“Este ídolo era falso. Não devemos chorar a sua morte. Era um clone. O original está preservado”. Aleluias.
Instantes depois, colocaram no andor o verdadeiro ídolo montado no seu cavalo. E a procissão continuou aliviada, porém com redobrado cuidado.
O que fizeram com os cacos do ídolo? Não sei. Jogaram no lixo? Impossível. Seria um sacrilégio. Alguém deve ter colocado os fragmentos num recipiente qualquer. Qual a sua destinação? Não sei. Fazer as exéquias de praxe, com direito à cerimônia de corpo presente, não acredito. Do incidente, fica fortalecida a advertência popular: Cuidado, porque o santo é de barro.
09.05.2008
www.palavradaverdade.org
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